Como ela consegue? O poder da atenção

Muitas vezes ouvi a pergunta: como você consegue? Como consegue fazer tantas coisas? Como consegue fazer projetos de arquitetura, consultorias, dar cursos, escrever livros, artigos, tudo isso cuidando sozinha de três filhos, entre outras coisas?

Nunca pude dar uma resposta concreta. Sempre foi um processo não muito consciente. Hoje, lendo o livro “A Energia dos Raios em Nossa Vida”, de Trigueirinho (Ed. Pensamento), achei uma definição que combinou com minha atitude, e pode ser uma explicação para a pergunta acima.

“Outro aspecto a ser treinado para que atinjamos tal equilíbrio é o da execução das tarefas cotidianas, por mais simples que sejam, com a máxima perfeição, esmero e afeto. Se tivermos disposição para executar com esse espírito nossas atividades diárias, ficaremos surpresos com a potência da energia da vontade e com o que somos capazes de fazer. (…)

Ressalte-se, contudo, que não são os exercícios em si, mas sim a decisão de nos transformamos que opera mudanças. Passamos, então, a ter consciência de como fazer todas as coisas nos mínimos detalhes, atentos a tudo; a fechar uma porta sem batê-la, a andar de chinelos sem arrastá-los; percebemos quando cai uma migalha no chão, e assim por diante. (…)

Entra-se num ritmo que não pode ser descrito por palavras, criado que é pela vontade-poder que começamos a experimentar, a partir de dentro de nós mesmos. Trata-se de um poder sobre nós próprios, sobre as forças da inércia, que às vezes agem imperceptivelmente.”

Costumo dizer aos meus filhos que devo ser uma mãe insuportável, pois estou atenta a cada ruído, a cada movimento do ar nos cômodos ao lado. Sou capaz de, estando no meu quarto, dizer onde eles estão, se foram da sala para a cozinha, ou se levantaram do sofá para mexer na tv, por exemplo. É quase impossível esconder algo de uma mãe assim… Levo na brincadeira, pra não ficar tão estressante pra eles.

Sempre tive essa tendência natural a fazer tudo com extremo cuidado e atenção. Claro que não sou perfeita e, por isso mesmo, muitas vezes o excesso de cuidado me levou a ser perfeccionista, e consequentemente estressada e crítica. Toda tendência tem duas manifestações possíveis, uma equilibrada, outra distorcida. Da mesma forma, transito na dualidade inércia-iniciativa, desinteresse-vontade, depressão-entusiasmo. Acho que, justamente por isso, desde muito cedo descobri como fazer para me manter na parte ascendente da curva, como manter o entusiasmo, e escapar da depressão.

Talvez essa atenção permanente, essa curiosidade infantil, esse interesse por tudo que me rodeia, sejam o segredo de conseguir realizar tantas coisas. E se for mesmo? Vale a pena tentar, né? Espero que funcione pra você.


Ainda estou lendo o primeiro dos sete raios explorados no livro. Espero que os outros sejam tão interessantes e esclarecedores quanto esse.

 

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